sexta-feira, 26 de abril de 2013

Polêmica em torno do Barroco


Olá a todos,

Nesta postagem, abriremos espaço para a discussão, comentário e levantamento de questões sobre polêmicas em torno do Barroco: desde a disputa sobre o lugar que ocupa, até, mais uma vez, à inadequação histórica de algumas de suas abordagens.

Nas próximas aulas, dias 02 e 03 de maio, os seguintes textos críticos fazem parte do horizonte do debate:

- "Um nome por fazer", capítulo de A sátira e o engenho, de João Adolfo Hansen (1988);

- O sequestro do barroco na formação da literatura brasileira: o caso Gregório de Matos, de Haroldo de Campos (1989);

- "Os sete fôlegos de um livro", ensaio de Seqüências brasileiras, de Roberto Schwarz (1999).

Bom fim de semana a todos.















sexta-feira, 19 de abril de 2013

Poesia seiscentista (aulas dos dias 25/04 e 26/04)

Caros,

Está aberta nova postagem para discussão referente às aulas da próxima semana (25/04 e 26/04).

Nesta postagem, o ponto de partida são os seguintes poemas atribuídos a Gregório de Matos: 

- "Aos principais da Bahia chamados os caramurus";
- "Ao mesmo assunto";
- "A Maria dos Povos, sua futura esposa";
- "Terceira vez impaciente muda o poeta o seu soneto na forma seguinte".

Também são bem-vindos comentários sobre os poemas abaixo, dois atribuídos a Gôngora e um a Sor Juana Inês de la Cruz:



Ilustre y hermosísima María,
mientras se dejan ver a cualquier hora
en tus mejillas la rosada aurora,
Febo en tus ojos, y en tu frente el dia,

y mientras con gentil descortesía
mueve el viento la hebra voladora
que la Arabia en sus venas atesora
y el rico Tajo en sus arenas cría (...)

["Ilustre e hermosísima María", de Luís de Gôngora (1561-1627), apud GOMES, João Carlos Teixeira. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 62].
 

[...] goza cuello, cabelo, lábio y frente,
antes que lo que fué en tu edad dorada
oro, lírio, clavel, cristal luciente,
no solo en plata o viola troncada
se vuelva, mas tú y ello juntamente
en tierra, en humo, en polvo, en sombra, en nada.

["Mientras por competir con tu cabelo", de Luís de Gôngora; apud GOMES, João Carlos Teixeira. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 62]


Este que ves, egaño colorido,
Que del arte el arte ostentando los primores,
Con falsos silogismos de colores
Es cauteloso engaño del sentido;
 
éste, en quien la lisonja ha pretendido
excusar de los años los horrores,
y venciendo del tiempo los rigores,
triunfar de la vejez y del olvido,


es un vano artificio del cuidado,
es una flor al viento delicada,
es un resguardo inútil para el hado:


es una necia diligencia errada,
es un afán caduco y, bien mirado,
es cadáver, es polvo, es sombra, es nada.


[Juana Inês de la Cruz (1648-1695), "Procura desmentir los elogios que a un retrato de la Poetisa inscribió la verdade, que llama pásion"]



Sintam-se à vontade para contribuir comentando a leitura dos poemas. É possível analisar pelo menos um dos poemas acima. Comentários sobre mais de um dos poemas também são bem-vindos. Assim, é possível, igualmente, estabelecer relações entre dois ou mais dos poemas citados. 

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Caros estudantes de LBV,

Está aberta nesta postagem a discussão, por meio de comentários, relativa à aula do dia 18/04, quinta-feira da semana que vem.

Os seguintes poemas atribuídos a Gregório de Matos serão analisados na próxima aula: "Queixa-se a Bahia por seu bastante procurador, confessando que as culpas, que lhe increpam, não são suas, mas sim dos viciosos moradores que em si alverga"; "Aos principais da Bahia chamados os caramurus"; "Ao mesmo assunto"; "A Maria dos Povos, sua futura esposa"; "Terceira vez impaciente muda o poeta o seu soneto na forma seguinte".

No caso do primeiro título, o Prof. Hélio lançou uma questão quanto a como se engancham os 10 preceitos desenvolvidos no poema (Romance) e os 10 mandamentos bíblicos, considerando-se a hipótese da função regeneradora ou curativa do texto satírico. 

Outro ponto de partida é comentar o excerto abaixo de "Um nome por fazer", capítulo de A sátira e o engenho, do Prof. João A. Hansen:

"Pressupondo a concepção romântica do poético como expressão e, portanto, prescrevendo o conhecimento do vivido do Autor, o critério da "originalidade" - "autoria", "novidade estética", variantes como "plágio" - revela-se anacrônico, no caso, quando se considera o estilo, no sentido forte do termo, linguagem estereotipada de lugares-comuns retórico-poéticos anônimos e coletivizados como elementos do todo social objetivo repartidos em gêneros e subestilos. Evite-se o estereótipo: "estereotipada" significa aqui, nem mais nem menos, fortemente regrada por prescrições de produção e recepção, não o pejorativo do desgaste dos usos e redundância. Não é "inventiva" - no sentido rotineiro de "expressão esteticamente desviante"  -, mas engenhosa, agudamaravilhosa, no sentido das convenções sociais seiscentistas da discrição cortesã, do gosto vulgar, do engenho agudo e da fantasia poética. Ao poeta seiscentista nada é mais estranho que a originalidade expressiva, sendo a sua invenção antes uma arte combinatória de elementos coletivizados repostos numa forma aguda e nova que, propriamente, expressão de psicologia individual "original", representação realista-naturalista do "contexto", ruptura estética com a tradição etc. Entre tais elementos, a obscenidade está prevista num sistema de tópicas, articulando-se retórica e politicamente nos poemas segundo gêneros, temas e destinatários específicos. Categorias como "pessimismo", "ressentimento", "plágio", "imoralidade", "realismo", "oposição nativista crítica", "antropofagia", "libertinagem", "revolução", que vêm sendo aplicadas por várias críticas desde o século XIX aos poemas ditos da autoria de Gregório de Matos, podem ter algum valor metafórico de descrição de um efeito particular de sentido produzido pela recepção. Não dão conta historicamente, contudo, do seu funcionamento como prática discursiva de uma época que, desde a obra de Heinrich Wölfflin, o século XX constitui neokantianamente como "barroca": como categorias analíticas, são apropriadas antes para o desejo e o interesse do lugar institucional da apropriação que propriamente para o objeto dela. Quando, por exemplo, Sílvio Júlio acusa o "plágio" de Quevedo ou Góngora nos poemas que assume como sendo de Gregório de Matos, é o pressuposto da originalidade romântica que faz com que os tresleia. Quando a recepção concretista os relê e deles isola procedimentos técnicos, autonomizando-os apologeticamente em função de sua "poética sincrônica" ou "presente de produção", a operação se valida heuristicamente, como invenção poética. Os mesmos procedimentos, deglutidos oswaldianamente, via interpretação da Antropofagia Cultural e do Tropicalismo, que entifica Gregório de Matos como "precursor", contudo, embora possam ter algum valor de analogia na descrição do experimental da neovanguarda com a agudeza engenhosa, que aproxima e funde conceitos distantes, ou de argumentação na concorrência mercadológica da vanguarda perene contra o não menos perene stalinismo do realismo socialista, são evidentemente a-históricos, não podendo ter a mínima pretensão de interpretação histórica". 
HANSEN, J. A. "Um nome por fazer". In: A sátira e o engenho. São Paulo, Campinas: Ateliê Editorial, Ed. UNICAMP, 2004, p. 32-33.

Sintam-se à vontade para comentar e expandir a discussão.

Até mais!

terça-feira, 9 de abril de 2013

INSTRUÇÕES PARA PARTICIPAÇÃO NO BLOGUE

Caros/as alunos/as, Como está indicado no programa do curso, a participação nas discussões em sala responderá por 25% da nota final. Em complemento a isso, até o final do semetre cada aluno deverá fazer dois comentários de textos, aqui no blogue do curso. Um dos comentários deverá ser sobre um dos textos do "Roteiro de leituras" ou dos "Textos de referência/leituras complementares" referentes à parte 2 (produção do século XVII). O outro comentário, sobre qualquer dos textos referentes à parte 3 (produção do século XVIII). Sugiro que os comentários tenham em torno de 15 linhas e façam alguma observação e/ou apresentam alguma questão sobre o texto escolhido. Relações com outros textos lidos anteriormente no curso serão muito bem-vindas. A ideia é que vocês tragam contribuições para as discussões que serão feitas em sala. Peço que os comentários relativos aos textos a serem discutidos na quinta e na sexta-feira de uma determinada semana sejam incluídos até às 12h da quarta-feira anterior às aulas. A discussão sobre qualquer texto ou tópico estará sempre aberta, mas, para efeito de avaliação, não serão considerados os comentários incluídos fora desses prazos. Por favor, assinem seus comentários e incluam o número USP. Essa atividade começará na próxima sexta-feira, 12 de abril. Conversaremos mais sobre isso na quinta-feira. Até lá!