Caros estudantes de LB 5,
Esta postagem refere-se às aulas dos dias 05 e 06 de junho. Os textos que serão abordados nessas aulas são os seguintes:
- Trechos de Cultura e opulência do Brasil, de Antonil;
- Seleção de liras de Tomás Antônio Gonzaga.
Os textos encontram-se na pasta do curso.
Comentários podem ser feitos até o dia 04 de junho.
Bom fim de semana e bom feriado a todos!
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ResponderExcluirO texto de Antonil faz uma análise de como funcionava a organização do trabalho no período colonial.
ResponderExcluirNessa obra, Antonil "ensina" a melhor maneira(em sua visão) de como produzir com qualidade e maior quantidade visando o mercado externo. Salienta a importância dessa produção açucareira, pois foi o grande condutor da economia do Brasil por mais de um século.
Ao fazer a divisão das categorias das pessoas que regiam essa sociedade, coloca no topo o "Senhor de engenho" que era o proprietário das terras, abaixo dele vinham os feitores que comandavam e "disciplinavam" os escravos e por fim os próprios escravos que eram explorados e faziam todos os serviços braçais; creio que os "nomes mudaram" na divisão dessa sociedade, mas as características permanecem até os dias atuais, por exemplo, hoje ainda existem grandes proprietários de terras os quais chamamos de latifundiários, os feitores são o que poderiam ser denominados "gerentes" para verificar a "ordem" no trabalho e finalmente os trabalhadores, são aqueles que trabalham muito e sempre ganham menos, difícil não observar a semelhança desse período colonial com os dias atuais...
Em um dos trechos, Antonil fala dos escravos e compara com os animais, pois assim como os cavalos e os bois necessitam de um dia de descanso, eles também precisam para conseguir produzir sem ficarem doentes. Não que ele se preocupasse e fosse contra a escravidão, mas sim porque os escravos eram muito caros e a produção não poderia parar por se fazer mau uso do trabalho escravo. Lembrei até de uma aula de Gregório de Matos em que se discutiu exatamente isso, pois pelo que pude entender não se davam descanso aos escravos, considerando-os menos que os animais.
Ellen Miyake da Rocha
NUSP: 7110106
Sobre a Lírica de Gonzaga (I)
ResponderExcluirUm tema recorrente na crítica que se refere aos poetas árcades, em especial Tomás Antônio Gonzaga, é a questão do bucolismo. Segundo Bosi (História Concisa da Literatura Brasileira, 1976: 79-80), “As liras são exemplo do ideal de aurea mediocritas que apara as demasias da natureza e do sentimento. A ‘paisagem’ que nasceu para arte como evasão das côrtes barrocas, recorta-se para o neoclássico nas dimensões menores da cenografia idílica. Esta prefere ao mar e à selva o regato, o bosque, o horto e o jardim. A natureza vira refúgio (locus amoenus) para o homem do burgo oprimido por distinções e hierarquias. Todas as culturas urbanas do Ocidente, nos estágios mais avançados de modernização, acabam reinventando o natural e fingindo na arte a graça espontânea do Éden que os cuidados infinitos da cidade fizeram perder”. Esse tipo de postulação faz pensar sobre aquilo que seria um “gênero bucólico”. Certamente esse tem sua origem (sendo o tema do aition muito comum na poesia helenística) no primeiro idílio de Teócrito: um diálogo entre cabreiros que envolve uma disputa poética. Se Tírsis cantar os sofrimentos de Dáfis (figura mitológica considerada a criadora do bucolismo) tão belamente quanto em um concurso, ganhará uma taça de madeira. A taça é descrita e nela estão gravados programaticamente os temas que aparecem em outros poemas de Teócrito: uma disputa entre homens pelo coração de uma mulher que os rejeita, um velho pescador trabalhando e um menino que guarda um vinhedo mas, desatento ao tecer uma armadilha para grilos, tem suas uvas e comida roubadas por duas raposas. Os poemas de Teócrito, porém, são de difícil categorização. Alguns de fato possuem tema rústico. Outros, no entanto, são urbanos (sendo o idílio 15 o mais famoso desses, mimo em que duas siracusanas andam por Alexandria até chegar ao palácio real e lá veem a apresentação de um hino a Adônis). A forma dos poemas também é de difícil análise. A maior parte deles é dialogada e em hexâmetros e evoca uma tradução épica (em geral com a apresentação de um herói épico homérico ruralizado, como é o caso de Dáfis no idílio 1). Há outros poemas que se concentram em sua característica dialogada, evocando elementos cômicos (como é o caso do idílio 15, com um início que imita a tradição de comédia nova de Menandro). Há ainda hinos e épicas (ou melhor, epílios) que também tomam ou não o tema rural e por sua vez não são dialogados. Percebe-se, portanto, que o tema pastoril não é obrigatório e que a denominação destes poemas como “bucólicos” é duvidável: conhecidos como idílios desde suas primeiras edições, são na verdade experimentos poéticos. Idílio, inclusive, significa “generozinho”, “pequeno canto”.
Fernando Gorab (nº7190701)
Sobre a Lírica de Gonzaga (II)
ResponderExcluirO tema rural, no entanto, era apresentado em outras obras da mesma época, como em alguns epigramas de Anite ou Mnasalcas. É possível perceber com a leitura desses textos que a temática pastoral relaciona-se com o dialeto dórico e que, antes de apresentar imagens de pastores, cabreiros, ninfas, Pã, etc, propõe um descanso ao meio dia (pela dificuldade de trabalhar ou caminhar ao sol) e descrevem o ambiente natural que os circunda. Dois poetas que seguem Teócrito são Mosco e Bíon. Eles imitam-no especialmente em seus poemas de temática rural de modo que Virgílio, depois, consegue estruturar aquilo que seria posteriormente conhecido como “gênero bucólico”. Ele escreve dez “bucólicas”, todas de tema rural, metade delas dialogada e metade não-dialogada, com a figuração de pastores, deuses menores como Pã e Priapo, Ninfas... Apresentando as disputas, o ambiente afastado da cidade, amores às vezes correspondidos e às vezes frustrados. Esta tradição é retomada por Camões, por exemplo, em suas éclogas. Nas liras de Tomás Antônio Gonzaga, porém, a questão mostra-se mais problemática. A leitura de seus poemas pouco remete ao gênero bucólico como postulado por Virgílio a partir da leitura dos helenistas e que foi depois retomada por Camões. Não há aqui uma retomada do gênero, porém, uma retomada do tema pastoril, apenas. É claro que tal retomada não é desprovida de significados, sendo que o campo mostra-se no Brasil dos Árcades um lugar de refúgio das cidades, com todos seus vícios (assim como em Virgílio), de modo que o campo é um lugar onde é possível a inspiração e o amor. Porém, as liras, na verdade, remetem muito mais, genericamente, aos poemas líricos (em especial de Horácio), com suas misturas de metros e apresentação de contradições como a perenidade da obra versus a brevidade da vida e de um amor leve, do desejar que não causa grandes sofrimentos e encontra sua perfeição no equilíbrio.
Fernando Gorab (nº7190701)
Gostaria de publicar, com um certo atraso, um comentário sobre o filme Os Inconfidentes. Primeiramente do ponto de vista estético do filme sua revisão não deixa dúvida de que se trata de um grande filme, principalmente do ponto de vista metafórico em relação à situação em que país vivia – a ditadura do General Médici. O diretor do filme confessa a intenção de fazer essa metáfora com um período histórico do Brasil. Mas, por que a utilizar a inconfidência? Bom é aí que entra o interesse para o curso que estamos fazendo. Para Joaquim Pedro de Andrade a inconfidência foi realizada muito mais no plano do sonho do que da ação. Daí a interessante idéia do diretor em fazer a história girar em torno dos três poetas e de uma poesia bastante idealizada. A partir daí o filme trabalha as questões de como agir diante de um governo, autoritário, repressor, e corrupto; qual o papel do povo e dos intelectuais (no caso os poetas). A cena da reunião na casa do tenente coronel Francisco de Paulo é uma clara referência as discussões de grupos de esquerda na ditadura militar.
ResponderExcluirO filme procura fazer um diálogo num movimento dialético entre a posição guerrilheira da esquerda no presente da enunciação com a posição idealizada na poesia da intelectualidade no passado enunciado.
Nesse movimento o filme desconstrói tudo desde a posição heróica de Tiradentes até a posição comprometida dos poetas árcades. No fim só resta a representação, a arte, a poesia, o teatro e o filme.
Vladimir dos Santos Stein
Nº USP 1911280
O que chama a atenção nos trechos do livro Cultura e Opulência no Brasil é o caráter descritivo-prescritivo. Porque procura descrever com precisão o funcionamento do engenho e da economia colonial brasileira e, ao mesmo tempo, dando orientação de como proceder nesse sistema. No capítulo II do Livro I, o caráter didático com que Antonil explica como adquirir a terra para formação do engenho chega a requintes de como guardar a escritura da terra que numa leitura atual beira o cômico.
ResponderExcluirAlfredo Bosi não vê em Antonil o barroco, mas o racional objetivo (Dialética da Colonização, 2010, p. 159. No sistema econômico então vigente para Antonil, na visão de Bosi, o homem é um instrumento (idem p. 160). De fato esse sistema está hierarquizado, mas os homens são peças nessa hierarquia.
O interessante desse ponto de vista é observar os “conselhos” de Antonil no que se refere a como o dono do engenho deve agir com as outras pessoas. Deve olhar para os lavradores como para “verdadeiros amigos”; não devem fazer “má vizinhança” aos que moem a cana em outro engenho; e devem ter boas relações com os outros senhores de engenho (capítulo III).
Por esses “conselhos” é possível fazer a leitura de um ponto de vista racional e objetivo, porque essa cordialidade sugerida por Antonil, segundo seu pensamento, não visa nada além do que evitar problemas que pudessem interferir no bom andamento do engenho.
Vladimir dos Santos Stein
Nº USP 1911280
“Cultura e opulência do Brazil” aborda a maneira de organização com que os senhores de engenhos administravam a economia e a produção durante o período de implantação do colonialismo. O texto é uma espécie de manual para o bom controle e para a administração colonial, uma descrição bastante didática do funcionamento da produção do açúcar e da vida dos colonizadores. A sociedade é estruturada segundo categorias (senhores de engenho, lavradores e escravos), e a cada uma delas cabe uma forma de trabalho, descanso, recompensa e punição. É interessante como a descrição dos processos de produção do açúcar é realizada de forma didática e, ao mesmo tempo, tem um tom de propaganda da riqueza que é produção açucareira para o país. Outra coisa que chama atenção durante a leitura é a forma de composição do texto, as assimilações que estabelece com episódios bíblicos, o que acentua ainda mais o poder que a Igreja exercia sobre as decisões de todos os setores. Nota-se também que Antonil esforçou-se na manipulação linguagem, tentando uma aproximação a Padre Antonio Vieira. Além disso, é incrível o número de licenças que o texto teve que obter para que fosse publicado, evidenciando a força da censura que havia no período.
ResponderExcluirFrancisca T. M. da Silva - 7245097
O Trecho da obra de André João Antonil “Cultura e Opulência do Brazil” oferece instruções para o bom funcionamento dos engenhos de cana-de-açúcar, sendo estes caracterizados como reais e inferiores, e hierarquizados de acordo com as funções de cada indivíduo.
ResponderExcluirO que permite a circulação da obra é a liberação do Santo Ofício, mostrando que a fé Católica estava intimamente vinculada aos meios de produção e mercantilização no início do século XVIII no Brasil. Segundo o historiador Jean-Jacques Le Goff, a Idade Média teria se estendido numa representação simbólica até este século, justamente porque não haveria a possibilidade, no mundo Ocidental, de se acreditar em alguma outra religião além do Cristianismo, e é fácil notar que muitos dos valores que eram dos antigos feudos se encontram nos engenhos, como, por exemplo, a experiência obtida através dos anciãos para o desenvolvimento agrícola (levando-se em conta que na Idade Média era o velho a referência social, ao contrário de hoje que são os jovens): “Que os velhos lhes poderão apontar, que são os mestres a quem ensinou o tempo, e a experiência o que os moços ignorão” (p.11), outros valores como: ajuda aos órfãos, mosteiros ou igrejas (p.12), as relações semelhantes a suserania e vassalagem (p.13) e o primeiro a ser escolhido: o capelão (p.17). Mas, se partimos, para interpretação interna, através daquilo que o texto não diz, provavelmente veríamos os problemas existentes naquele momento, como, por exemplo: brigas por causa de demarcação de terras, problemas devido a organização interna dos engenhos, falta de conduta moral para com os escravos, soberba daqueles que governavam, problemas em se escolher as pessoas certas para colocar dentro das devidas funções, problemas para definir a origem dos escravos, pois influenciavam nas funções a exercerem e erros para o pagamento de salários corretos, diga-se de passagem, o valor dos salários tem uma variação muito pequena (exceto no caso dos escravos).
É interessante notar nas líricas de Gonzaga a forte influência da mitologia clássica. O eu-lírico faz referências diretas aos deuses da mitologia greco-romana - como na Lira II, as referências a Cupido e a Apolo e na Lira III, as referências ao sequestro de Europa por Zeus e o relacionamento entre Vênus e os deuses da Guerra (Marte, se não me engano) e Vulcano. Todas essas referências colaboram na criação de uma atmosfera altamente idealizada para o amor entre o eu-lírico e Marília.
ResponderExcluirMarília também é altamente idealizada, conforme percebemos na Lira I - "Os teus olhos espalham a luz divina,/A quem a luz do sol em vão se atreve" e "Os teus cabelos são uns fios d'ouro;/Teu lindo corpo bálsamo vapora" - e na Lira II - "Na sua face mimosa,/Marília, estão misturadas/Purpúreas folhas de rosa,/Brancas folhas de jasmim" e "Dos rubins mais preciosos/os seus beiços são formados;/os seus dentes delicados/são pedaços de marfim".
Assim, percebemos que a constante recorrência à mitologia clássica, a idealização de Marília, associada à construção de um cenário pacífico e harmonioso, relacionado às atividades pastoris (também presente nas liras mencionadas), constituem a tônica da lírica de Gonzaga, um dos marcos do movimento árcade brasileiro.
Dayse Oliveira Barbosa
No. USP: 6833229
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ResponderExcluirMarcello Peres Zanfra - 7192112
ResponderExcluirMuitas conexões com a poesia pastoril clássica podem ser traçadas no conjunto de liras de Gonzaga. Primeiramente, temos a voz do poeta que se apresenta como um pastor (embora não rude), tal recurso encontra-se não apenas na bucólica, mas também em Hesíodo ou na elegia rural. Claras são, também, as referências mitológicas (Apolo, Cupido) e o ideal da placidez que atinge o ambiente pastoril e amoroso que não deve ser irascível e destruidor, como o amor doença que aparece em Safo, Catulo e na épica Virgiliana (a rainha Dido). Sua placidez, quase ao molde de Sêneca, se traduz até mesmo, numa apatia frente ao medo da morte. O ponto modelar dessa influência se encontra na Lira III, pela presença de três palavras fundamentais ao mundo clássico: beleza, razão e discurso.
O mais interessante, contudo, é mostrar como o próprio poeta interpreta sua relação com a tradição clássica. Neste sentido, é curioso pensarmos na estrofe final da terceira lira, onde ele se apresenta como um mortal que, pelo amor, superou um deus, o que pode ser associado a um novo poeta que transcende a tradição, o que seria de fato, coerente com os ideais da Arcádia: lembremos de Cupido reconstruído na imagem de Marília. Mais curioso que isso, contudo, ele efetua, na Lira I da segunda parte, um procedimento que parece contrariar a desconstrução poética efetuada por Ovídio (Amores, I-I), para quem o engenho e o preceito poético aparecem antes do sentimento que sua obra elegíaca canta (Cupido transforma a métrica do poema antes de flechá-lo): o Eu do poema de Gonzaga abandonou a poesia, mas, levado pelo amor, vê-se forçado a se dedicar novamente a ela. Mesmo a comunhão com a natureza, fuga da realidade indesejável da cidade, tem matizes interessantes: a Lira III da segunda parte, por exemplo, mostra um eu lírico que não está mais em comunhão com o mundo (mesmo o natural) e que se encerra, por fim, num grito ardente por um retorno a essa união. A lira seguinte, por sua vez, mostra que o sentimento pode subverter o ciclo natural, tornando o velho jovem novamente por causa do amor: Dessa forma, uma vez que o reino que o poeta aspirava era o peito de sua amada, a realidade e mesmo a paisagem pastoril bucólica, mesmo que externas, tornam-se instâncias que adquirem sentido em sua relação com o interior do eu lírico.
O que achei interessante notar nas Liras de Tomás Antônio Gonzaga é o papel da amada Marília, o que ela representa na construção dos poemas, tanto da primeira como da segunda parte.
ResponderExcluirNa primeira parte o tema central das liras é o trato do amor pela amada: decrevê-lo e conquistá-la, trazendo temas míticos e imagens como a do Cupido. Constrói sua poesia de pastoreio tendo como base o amor a amada e sua realização.
Na segunda parte, a musa é como já parte do coração desse "sujeito" e serve como "objeto" de consolo.
Encontramos nas liras da primeira parte: encantamento, euforia, esperança. Conquista da amada. Amada como que respiro do poeta, sua primeira ocupação ou ocupação mais prazerosa. Nelas ele também reconhece suas próprias qualidades para conquistar a amada.
Na segunda parte, notamos desencantamento, pessimismo, principalmente de cunho político, e a amada surge como alguém para desabafar. Nessas liras o poeta expressa-se descrente, desmotivado; como se em meio à Inconfidência, Marília fosse seu único ponto de apoio. A amada seria como o que o mantém vivo, ainda com esperança. Ela pode recuperá-lo das mazelas; com essa convicção ele tem forças para lutar: "Tornarei a ver-te minha:/ Que feliz consolação!" (Lira III, primeira parte).
A amada Marília exerce uma função, portanto, de pretexto para as liras poderem acontecer. O poeta desenvolve e estabelece por definitivo uma interlocutora que torna possível a sua expressão poética, e "serve" para ele em diversos momentos e circunstâncias.
Sylvia B. Damiani Araújo (7193732)
ExcluirO livro trata da cultura do engenho no Brazil do século XVIII . Nesta obra Antonil apresenta, argumenta e orienta a respeito de toda a operação que envolve o engenho no Brasil daquele século, partindo desde a escolha da preparação da terra até chegar na conduta que deve ser tomada pelo senhor de Engenho que busca prosperar em seus negócios. Destaca-se a questão da relação mútua entre servos e senhores, a situação econômica do país, principalmente com a cana de açúcar no Norte,Bahia e Pernambuco,os conselhos baseados nas doutrinas religiosas , e a ligação da igreja com essa economia .Sendo uma obra rica em informações, foi alvo da coroa Portuguesa na época em que foi lançada pela primeira vez. Se num primeiro momento foi argumentado que a obra não deveria circular, pois era crucial haver uma preservação nas informações sobre as riquezas do Brasil, para não aguçar interesses de estrangeiros, posteriormente surge com Capistrano de Abreu( Capítulos de História Colonial) a ideia de que a preocupação era no acesso à obra pelo povo que aqui moravam. Não era viável haver tanto conhecimento sobre as riquezas desta terra. Era necessário manter o pleno domínio por parte da Coroa , e tudo que pudesse incitar o interesse do povo acarretando em algum prejuízo para a Coroa deveria ser evitado : “o livro ensinava o segredo do Brasil aos brasileiros, mostrando toda a sua possança, justificando todas as suas pretensões, esclarecendo toda a sua grandeza”. Um último ponto a ser destacado é a ligação dessa obra com a de Xenofonte O tratado de oikonomikos( economia) no século IV a.C. No tratado de Xenofonte, assim como no de Antonil, aparecem inúmeras observações acerca da melhor maneira de cuidar da propriedade, casa, escravos e filhos.
ResponderExcluirDebora Menezes
Número USP: 7193065
O texto de Antonil visa, principalmente, a descrever como se dava o funcionamento do engenho sem fazer qualquer tipo de análise crítica em relação ao sistema no qual estava inserido, mas sim descrevê-lo minuciosamente para que houvesse a manutenção do mesmo.
ResponderExcluirNo capítulo I do livro I descreve a importância que o "Senhor de engenho" exerce dentro do sistema e no capítulo III descreve como muitos agiam erroneamente (com arrogância e falta de companheirismo) e como deveriam se relacionar para manter o bom funcionamento do engenho;
Ao longo de todo o texto há também a questão do escravismo, o que me fez pensar em um texto que gostaria de indicar: "NAVES, R. “Debret, o Neoclassicismo e a escravidão”. In A forma difícil: ensaios sobre arte brasileira. São Paulo: Ática, 1996.
Além desta leitura recente gostaria de indicar aos colegas outra que faz refletir bastante sobre a produção artística em um "Brasil-Colônia", essa discussão já abrangendo momentos do início do século XIX, beirando a nossa independência política, momento que não será trabalhado em nosso curso, de qualquer forma segue:
PEDROSA, Mário. “Da Missão Francesa – seus obstáculos políticos”. In ARANTES, O. (org.). Acadêmicos e Modernos: textos escolhidos de Mário Pedrosa, v. III. São Paulo: EDUSP, 1998.
Thiago Augusto Rufino Batista
NUSP 6832656
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ResponderExcluirA poesia árcade de Tomás Antonio Gonzaga apresenta temas convencionais, já abordados na poesia greco-romana e renascentista. Um exemplo são as liras da Marília de Dirceu, que abordam o desejo pelo idílio amoroso, a fugacidade do tempo e a busca pelo prazer imediato, o tema clássico do carpe diem. O eu-lírico é masculino e em primeira pessoa, assumindo-se como pastor ao se dirigir a sua amada. O pastor se apresenta como um personagem simples e honesto, de vida modesta, que não é rico nem pobre, oferecendo uma vida tranquila à Marília, característica que nos remete ao princípio da aurea mediocritas. A linguagem dos poemas é mediana, sem grande pompa, evitando barroca, considerada excessiva pelos árcades. Essa relativa simplicidade composicional retoma o princípio antigo da inutilia truncat ("corta o que é inútil"). Outro tema clássico presente nas liras de Tomás Antonio Gonzaga é o do fugere urbem, ou seja, a valorização da vida no campo em detrimento da vida urbana. Assim, a vida no campo oferecem ao sujeito a beleza e a simplicidade que a vida na cidade não permite, em grande parte devido ao contato direto com a natureza.
ResponderExcluirMariana Costa Aguiar de Carvalho, no USP: 7190642, primeiro horário
Cultura e Opulencia do Brazil não se detém em analisar o sistema econômico baseado no engenho e seu senhor, pelo menos não de forma crítica ou reflexiva. Trata-se de um manual e talvez uma tentativa de uniformização deste sistema. Algumas características apresentadas por Antonil merecem destaque. A principal de todas é o respeito as leis de Deus – o que é bastante reforçado nas declarações de personagens influentes no começo da obra. Estas declarações ressaltam que este livro não fere ou desrespeita as leis da igreja, portando pode ser publicado. Este elemento religioso aparece com maior ou menor grau em toda obra, como nas passagens em que Antonil recomenda – como estritamente necessário – a construção de uma capela devidamente paramentada na fazenda. No capítulo que trata sobre a boa convivência entre vizinhos há a citação clara da passagem bíblica de Caim e Abel, usada para atentar contra a inveja do senhor do engenho por um vizinho mais “abençoado”. Outro elemento que para mim saltou aos olhos foi a desmistificação de um controle violento ou brutal do senhor de engenho. Há a recomendação de boa convivência, para que o senhor trate de maneira afeiçoada aqueles de quem depende e aqueles que dependem dele. Falta, por algum motivo que apenas a leitura deste texto talvez não seja capaz de nos fornecer, as costumeiras referencias a centralização do poder destes senhores. É como se fosse com a intenção de formar novos senhores, atrair “novos investidores” nas terras do Brazil e regulamentar a forma como aqueles que já ocupam algum espaço agem.
ResponderExcluirAna Cláudia Borguin Eustáquio, nº 6467861 - primeiro horário.
É interessante notar nos poemas de Tomás Antonio Gonzaga a figura do pastor sempre a se dirigir à sua musa, Marília. Sendo a natureza, em sua inteireza, uma escola de amor. Cada componente formador da beleza bucólica está a favor da paixão amorosa a qual o eu-lírico se entrega. O amor por Marília é o amor espiritualizado, definindo assim o poeta Gonzaga como um pré-romântico. Na primeira parte, cria uma pequena narrativa de caráter retórico, mostrando-nos que até aquele momento sua vida e suas produções poéticas não tiveram sentido, sobretudo porque não dizem respeito à Marília. Candido caracteriza seus versos como "versos curtos, anacreônticos, de sabor saltitante e amaneirado". Assim, é identificado o estilo cortesão de suas liras.
ResponderExcluirEleonora Nunes Mioto (7192512)
Na aula de hoje (07/06) foi feita a análise do Soneto XXII, de Cláudio Manuel da Costa. Pensei em uma possibilidade de análise pro poema, mas acabei não comentando (já que a discussão acabou tomando outro rumo). Gostaria de saber se essa análise faz algum sentido ou se foi só "viagem" minha:
ResponderExcluirDepois de muita discussão, algumas pessoas chegaram à possibilidade de que o soneto poderia estar retratando o deslocamento do eu-poético. Além disso, atestaram também que havia uma dupla mudança de estado: a do eu-poético (que se torna duro, pedra) e a da penha(que se amolece e se assemelha à água).
Pensei que este soneto poderia ser analisado, nesse caso, como uma dupla INTERFERÊNCIA. O meio duro, interferindo no homem (que foi discutido em sala), mas também o Homem/eu-poético, influenciando o meio. O que levaria a uma reflexão sobre a "utilidade" do soneto e do fazer poético, o sentido de sua poesia. A motivação do eu-poético, isolado do mundo intelectual com o qual está acostumado, é exatamente esse: o de trazer o "amolecimento" desta terra DURA, fazer com que seu deslocamento se torne algo útil.
Resumindo (pode estar confuso):
O deslocamento funciona como uma via de duas mãos. Assim como afasta o poeta de seu meio natural, também o aproxima a este ambiente estranho e duro, isto possibilita a disseminação da poesia. Deste modo, não devemos apenas analisar a influência do meio no eu-poético, mas o contrário também deve ser considerado.
Felipe Moreira